quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Felicidade e Tristeza.


    Não precisa de muito para ser feliz.  Talvez essa felicidade que muitos procuram mas só alguns encontram seja tão simples porém abstrata que senti-la não seja o suficiente para nós, precisamos de certa forma toca-la, desenha-la e difundi-la pelos quatros cantos do mundo como se com isso ela ganhasse força e mudasse de proporção.
    Tão previsíveis somos que chegamos a passar uma vida desejando ser feliz e de fato deixando a única chance de ser escapar por entre o tempo. O tempo o remédio para qualquer dor, o senhor do esquecimento.
    Não almejo ser feliz, não mais, seria de certa forma meio que deprimente depois de tantos sorrisos inteiros eu simplesmente acordar e dizer que eu não fui feliz. Que hipocrisia, eu experimentei do gosto maravilhoso que é ser feliz e gozei inúmeras vezes deste privilégio. Hoje já velha talvez cansada da vida e até mesmo um pouco triste eu sei que eu perdi minha felicidade quando deixei de acreditar que meus sonhos poderiam ser reais.
   Quão irônico isso soa, logo agora eu aceitar que eu perdi. Mas a ironia é fingir que eu não quero mais a felicidade ou que ela não exista mais para mim.
   Eu sou feliz quando olho para o meu passado e vejo em minha face um sorriso doce, sinto a felicidade emanar do meu ser quando olho ao meu redor há anos atrás e vejo amigos em quem um dia pude confiar, a felicidade esteve entre os beijos roubados que eu quis roubar e que acabei ganhando por ser tímida, a mesma felicidade que minha mãe dava de graça ao sorrir para mim quando bebe.
   Esse sentimento tão puro e simples eu curti a minha vida toda quando olhei para dentro de mim sem buscar mais nada do que conhecer-me melhor, quando olhei para mim e quis entender a sensação de vazio que sentia. O vazio que eu não supria por medo de que ganhar não supriria as perdas que já sofri.
   Agora, como falar de felicidade sem falar da sua irmã mais velha? Como falar da alegria sem falar da sua rebeldia e desobediência? É a Irmã mais velha, a cuidadosa, a quem protege o coração evitando que ele estraçalhe com as suas dores, a tristeza, carente de atenção, mas cega com a razão nos faz crescer um tanto que até a felicidade fica desconfiada.
    É a tristeza como ela pode ser cruel e mandona, espaçosa e péssima companhia, mas sabe talvez ela seja o remendo após a felicidade, a cura para a falta de esperança no depois. Porque por maior que seja o luto a tristeza com o tempo o leva embora deixando somente cicatrizes do que um dia fora cacos.

    A tristeza a politicamente correta, a felicidade a sonhadora, a lagrima deixa saudades, o sorriso completa, a frustração necessita de solidão, a brincadeira necessita ser o foco das atenções. Seja triste ou feliz ambas caminham lado a lado, uma curando ou quebrando, as vezes alternando, elas vão equilibrando nossos melhores e piores momentos.
Senti muita falta da felicidade no começo, hoje já consigo olhar para trás sem chorar de tristeza, já sofri também por ser triste constantemente, então eu aprendi a conciliar meus momentos em família, a dosar a tristeza e a felicidade, dando assim uma vazão dos sentimentos que há em mim, criando um laço na otimização dos meus sentimentos por mais dolorosos que sejam.
    Bom, eu posso dizer que cada vez que me senti sozinha a minha companhia foi a tristeza, então deixei de ser só, quando eu distribuía um sorriso, foi tendo ao meu lado a felicidade. E quando eu consegui me desvencilhar de algo do meu passado elas estiveram ali me ensinando a sobreviver mais um dia na vida que escolhi. Acredito que seja isso questão de escolher e encarar cada escolha como a sua melhor opção.

    Não desanimar quando as forças se acabarem, não sofrer por coisas que se vão, não magoar porque está magoada,  esquecer quando não se tem coragem de encarar as verdades, não é encarar as verdades mesmo quando a primeira opção é correr. Então eu escolhi em todas as vezes ser triste e logo depois encontrar a felicidade dentro do meu próprio peito. Lembrando que mesmo depois da guerra diária para sobreviver ela vai forjar um novo peito de aço para ser esmurrado pelas ilusões que as pessoas nos dão, e para todas essas ilusões oferecerei a tristeza e a felicidade em forma de gratidão por me fazerem aprender que eu não preciso de mais nada do que acreditar no melhor que há dentro de mim.

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