Não precisa
de muito para ser feliz. Talvez essa
felicidade que muitos procuram mas só alguns encontram seja tão simples porém
abstrata que senti-la não seja o suficiente para nós, precisamos de certa forma
toca-la, desenha-la e difundi-la pelos quatros cantos do mundo como se com isso
ela ganhasse força e mudasse de proporção.
Tão previsíveis
somos que chegamos a passar uma vida desejando ser feliz e de fato deixando a
única chance de ser escapar por entre o tempo. O tempo o remédio para qualquer
dor, o senhor do esquecimento.
Não almejo
ser feliz, não mais, seria de certa forma meio que deprimente depois de tantos
sorrisos inteiros eu simplesmente acordar e dizer que eu não fui feliz. Que
hipocrisia, eu experimentei do gosto maravilhoso que é ser feliz e gozei
inúmeras vezes deste privilégio. Hoje já velha talvez cansada da vida e até
mesmo um pouco triste eu sei que eu perdi minha felicidade quando deixei de
acreditar que meus sonhos poderiam ser reais.
Quão irônico
isso soa, logo agora eu aceitar que eu perdi. Mas a ironia é fingir que eu não
quero mais a felicidade ou que ela não exista mais para mim.
Eu sou feliz
quando olho para o meu passado e vejo em minha face um sorriso doce, sinto a
felicidade emanar do meu ser quando olho ao meu redor há anos atrás e vejo
amigos em quem um dia pude confiar, a felicidade esteve entre os beijos
roubados que eu quis roubar e que acabei ganhando por ser tímida, a mesma
felicidade que minha mãe dava de graça ao sorrir para mim quando bebe.
Esse
sentimento tão puro e simples eu curti a minha vida toda quando olhei para
dentro de mim sem buscar mais nada do que conhecer-me melhor, quando olhei para
mim e quis entender a sensação de vazio que sentia. O vazio que eu não supria
por medo de que ganhar não supriria as perdas que já sofri.
Agora, como
falar de felicidade sem falar da sua irmã mais velha? Como falar da alegria sem
falar da sua rebeldia e desobediência? É a Irmã mais velha, a cuidadosa, a quem
protege o coração evitando que ele estraçalhe com as suas dores, a tristeza, carente
de atenção, mas cega com a razão nos faz crescer um tanto que até a felicidade
fica desconfiada.
É a tristeza
como ela pode ser cruel e mandona, espaçosa e péssima companhia, mas sabe
talvez ela seja o remendo após a felicidade, a cura para a falta de esperança
no depois. Porque por maior que seja o luto a tristeza com o tempo o leva
embora deixando somente cicatrizes do que um dia fora cacos.
A tristeza a
politicamente correta, a felicidade a sonhadora, a lagrima deixa saudades, o
sorriso completa, a frustração necessita de solidão, a brincadeira necessita
ser o foco das atenções. Seja triste ou feliz ambas caminham lado a lado, uma
curando ou quebrando, as vezes alternando, elas vão equilibrando nossos
melhores e piores momentos.
Senti muita
falta da felicidade no começo, hoje já consigo olhar para trás sem chorar de
tristeza, já sofri também por ser triste constantemente, então eu aprendi a
conciliar meus momentos em família, a dosar a tristeza e a felicidade, dando
assim uma vazão dos sentimentos que há em mim, criando um laço na otimização
dos meus sentimentos por mais dolorosos que sejam.
Bom, eu
posso dizer que cada vez que me senti sozinha a minha companhia foi a tristeza,
então deixei de ser só, quando eu distribuía um sorriso, foi tendo ao meu lado a
felicidade. E quando eu consegui me desvencilhar de algo do meu passado elas
estiveram ali me ensinando a sobreviver mais um dia na vida que escolhi.
Acredito que seja isso questão de escolher e encarar cada escolha como a sua
melhor opção.
Não
desanimar quando as forças se acabarem, não sofrer por coisas que se vão, não
magoar porque está magoada, esquecer
quando não se tem coragem de encarar as verdades, não é encarar as verdades
mesmo quando a primeira opção é correr. Então eu escolhi em todas as vezes ser
triste e logo depois encontrar a felicidade dentro do meu próprio peito.
Lembrando que mesmo depois da guerra diária para sobreviver ela vai forjar um
novo peito de aço para ser esmurrado pelas ilusões que as pessoas nos dão, e
para todas essas ilusões oferecerei a tristeza e a felicidade em forma de gratidão
por me fazerem aprender que eu não preciso de mais nada do que acreditar no
melhor que há dentro de mim.
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